A globalização não chegou para o setor plástico
brasileiro apenas sob a forma de importações facilitadas
ou de participações em projetos mundiais, como os da indústria
automobilística. Costurada a essas variáveis, a conscientização
ambiental irrompeu nos anos 90 entre matérias-primas, máquinas
e produtos acabados, nas acepções de ferramenta da competitividade
e de zelo para com a imagem institucional do plástico. Devido a
esse cenário de internacionalização, o engajamento
da indústria na causa ecológica não colide com a quantidade
de plástico reciclada no país, estimada na faixa de 250.000
toneladas ao ano. O volume incipiente também traz à superfície
a realidade de um consumo per capita de resinas de não mais que
14 quilos, registrado na quinta maior extensão geográfica
do planeta.
O controle do meio ambiente transparece dos posicionamentos em todas
as frentes do setor plástico. Na petroquímica, falam por
si as políticas de atuação responsável (responsible
care), difundidas por subsidiárias dos grupos que as articularam
internacionalmente, ou os investimentos na preservação das
reservas ecológicas vizinhas, observados nos pólos do Sul
e do Nordeste. Por sua vez, a indústria brasileira de máquinas
para plástico volta-se hoje para a concepção de linhas
qualificadas para reduzir ao máximo os índices de refugo
e, nos compartimentos de impressão e pintura, usuárias de
solventes base água. Quanto aos transformadores, tornaram-se receptivos
aos recursos de automação do processo movidos pela produtividade,
cuja moderna conceituação também abrange o respeito
ao meio ambiente. Dentro desse contexto, cabem também os preparativos
já em curso nas principais indústrias da cadeia brasileira
do plástico, tendo em vista os credenciamentos por normas internacionais
de qualidade na trilha da ISO 9000 e ISO 14000, onde o controle ambiental
é imposição incontornável.
A cadeia industrial já exibe troféus na parede, em
termos de coesão alcançada em políticas do meio ambiente.
Exemplo: a indústria automobilística e fabricantes de embalagens
articularam-se com petroquímicas e transformadores no sentido de
implantar a simbologia de identificação de resinas. A montadora
Fiat, por sua vez, foi a primeira do setor nacional a partir para um programa
(Fiat Autorecycling), apoiado por componedores e fornecedores global source,
dedicado a explorar o potencial de segundo uso para componentes reaproveitados
da frota em circulação, a começar por pára-choques.
Outra referência: resina soberana em descartáveis para refrigerantes
(as versões retornáveis permanecem em patamar discreto),
polietileno tereftalato (PET) grau sopro, é apontado como o agente
da decolagem, a médio prazo da atividade de reciclagem no Brasil.
As justificativas incluem a entrada do poliéster em frascos menores
de colas, ampliando automaticamente a disponibilidade local para o segundo
uso. Além do mais, conta pontos a entrada em operação
de recicladores dotados de escalas à altura e sistemas de coleta
de envergadura nacional, atraídos ao terceiro mercado de carbonatados
do mundo. Um deles, por sinal, a Rhodia-ster, produz PET no país
e está verticalizada em sopro. Através de sua denominada
Unidade de Revalorização, a empresa recolhe e agrega valor
ao poliéster descartado (grau garrafa, filme ou têxtil) incorporando-o
a produtos como geotêxteis.
Confrontada com uma legislação enrijecida e
problemas como a limitação física de espaços
para aterros nos grandes centros urbanos, a indústria brasileira
do plástico já conta, à parte representações
de classe, com dois porta-vozes talhados para o foro ambiental: a Plastivida,
que congrega os interesses da segunda geração, e a Associação
Brasileira dos Recicladores de Plástico (Abremplast). No plano institucional,
a Plastivida vem sobressaindo com ações como a elaboração
- em conjunto com a organização ambientalista Cinco Elementos
- e distribuição na rede escolar nacional do vídeo
"Viraplástico", uma iniciação didática à
reciclagem dos materiais. Outro trunfo foi a organização
do primeiro seminário internacional levado no Brasil a respeito
de reciclagem energética, com apoio da APME (Association of Plastics
Manufacturers in Europe) e participação de técnicos
ligados à prefeitura de São Paulo, o maior centro consumidor
do país, entre cujos projetos na área ambiental figura a
incineração de resíduos sólidos urbanos. Por
sua vez, a Abremplast congrega a parcela mais representativa do segmento
estimado ao redor de 400 indústrias de reciclagem de termoplásticos
no Brasil. Voltadas totalmente para a reciclagem mecânica, elas estão
centradas em escalas da ordem de 100 toneladas mensais.