“A única revolução possível é dentro de nós!”
(Mahatma)Ghandi
Vida e saúde
Tudo tem inicio, meio e fim. Tanto o livro como a vida. Mas um livro você folheia antes de comprar, vê se gosta do estilo,escolhe o assunto que interessa dependendo do seu momento,desejo ou objetivo.A vida não.
Meu filho me surpreendeu um dia com a pergunta “... mãe, qual é o sentido da vida?”. Você, leitor, sabe a resposta? Nem eu. A angústia metafísica não existiria se soubéssemos responder a esta única pergunta. A religião preenche a lacuna e a fé substitui a angústia. Um objetivo de vida perseguido anos e anos também. Cabe a cada um de nós a escolha de um, de outro ou ambos.
Seja como for, existir ou não, a opção inicial não é nossa. Escolhemos dar vida a nossos filhos, mas não temos nenhum arbítrio sobre o nosso nascimento. E a vida simplesmente acontece a nós sem que possamos escolher nossos genes, características físi- cas e tipo de personalidade. Também não determinamos a área geográfica em que vamos viver, nem nosso núcleo familiar. Ela, a vida, simplesmente acontece. E vamos vi- vendo. No melhor cenário, conseguimos identificar um objetivo e fortalecidos, seguimos em frente sem (quase) nunca parar para pensar nela... vida.
E viver sem saúde é bem mais difícil. Isso é senso comum. Mas o que precisa ser discutido é como fazer para ter saúde. Não temos um manual à nossa disposição. Será que não? Nas escolas se discute sexo, existe consenso em relação à necessidade de educação para o sexo fora do ambiente familiar. A função de alerta em relação à procriação não consciente e às doenças sexualmente transmissíveis, foi assumida pelo poder público para minimizar os danos que viriam, com a evolução natural para o caos em saúde, acelerada pela pandemia da Aids (Sida).
Hoje vemos crescer a prevalência de doenças ligadas à opção equivocada que fizemos pelo fast-food e pelo sedentarismo conseqüente ao ritmo desenfreado da era pós-industrial. Não podemos “perder tempo”. Vivemos uma era “acelerada” em que tudo nos é facilitado. Dos shakes e sanduíches que substituem a refeição aos carros, controles remotos e facilidades eletrônicas. As anunciadas epidemias de obesidade, câncer e dia- betes tipo 2 sobrecarregam cada vez mais as unidades de saúde ( publicas e privadas ). Tornamo-nos cada vez mais, doentes crônicos, reféns de nós mesmos.
Mas você sabe que depende somente de nós a iniciativa de mudar o cenário?
A mesma estratégia em relação às doenças sexualmente transmissíveis deveria ser usada para ensinar a ser saudável. Em alguns países, faz parte da grade curricular a matéria “economia doméstica”, preparando o jovem para a vida adulta. Assim deveria ser com a orientação para a saúde, que deveria estar presente desde a infância. Em todas as fases do desenvolvimento do individuo. Este aprendizado é lento e deve ser contínuo. Não é matéria para um período único.
Até agora o que vejo são ações voltadas para saúde sim, mas pontuais. Relacionadas às epidemias de gripe e outras doenças infecciosas. É verdade também que campanhas a respeito de hipertensão arterial, diabetes e glaucoma, volta e meia estão na mí- dia, mas a forma de apresentar a doença ao individuo não é a ideal. Falam em prevenção quando se referem, na verdade, à detecção precoce da doença. Não é apenas esse aspecto que precisa ser divulgado.
O que nos mata mais e nos tira a dignidade no envelhecimento são as doenças crônicas degenerativas. E essas, quando chegam a ser diagnosticadas são tratadas pelo resto da vida. A prevenção real é fazer o leigo entender o que leva o organismo a desenvolver essas doenças crônicas. E ele se sentir motivado a evitá-las. A conscientização para a senilidade responsável e de qualidade, não move um mundo voltado para a beleza, juventude e o prazer acima de tudo, aqui e agora!
Sem falar na falta de interesse em promover a prevenção. A demanda cada vez maior pelos serviços e produtos relacionados à assistência médica e à industria farmacêutica é um indicador de que o cuidado em relação à saúde tem sido avaliado de forma equivocada. No aspecto econômico-financeiro, o tratamento da doença é mais interessante do que a promoção da saúde.
Mas voltando a falar em saúde, uma vez me surpreendi, positivamente, ao ler a receita que um médico clínico havia fornecido a uma paciente minha. Era uma prescrição simples, apenas uma suplementação de cálcio, devido a historia familiar de osteopo- rose e a alterações discretas na densitometria óssea. A verdadeira receita estava no verso da folha: listados, um após o outro, itens dos quais ela deveria se ocupar se quisesse ter uma vida melhor,em todos os aspectos.
Eram uns oito itens. Não me recordo de todos agora, mas assistir ao por do sol pelo menos uma vez por semana, caminhar por 40 minutos, três a quatro dias na sema- na, encontrar algo que a fizesse feliz e se permitir ocupar uma hora de cada dia com esta atividade. Além das óbvias instruções sobre alimentação, água e sono reparador. Aquele médico nunca soube, mas fez diferença na minha vida.
Já naquela época eu acreditava no organismo e na homeostasia contínua da qual ele se encarregava. Falava aqui e ali com alguns pacientes, em determinados momentos em que sabia que poderia ser entendida e que minhas observações teriam eco. Mas acho que me “envergonhava” da atitude tão simplista, tão pouco “médica” ou profissional, talvez. E estava totalmente equivocada!
Num primeiro momento, a receita do médico me fez reconhecer a atitude pouco generosa que eu vinha tendo em relação à minha forma de fazer medicina. Se eu já tinha este conhecimento, porque não compartilhar?
O médico clínico teve a percepção que eu não tive. Ele mostrou ser um médico interessado na saúde de quem cuida e apaixonado pelo que faz; uma pessoa que adquiriu uma experiência de vida que autorizava os conselhos que deu à nossa paciente em comum.
A senhora X, como a chamarei aqui, era cuidadora de uma mãe com síndrome de Alzheimer, mas eu nunca havia percebido traços de depressão nela. Do ponto de vista emocional eu a considerava uma pessoa forte e segura. Fora a hipotensão arterial (que não é tida como doença, mas é um fator de risco em relação ao glaucoma),ela podia ser considerada saudável. Na juventude tinha tido muita enxaqueca, que com a idade não a im portunou mais. A mãe, além da doença neurodegenerativa, era cega por glaucoma e ha- via sido portadora de enxaqueca quando jovem também. Ao longo da vida da sra. X, nenhum médico comentara com ela a respeito de estratégias para evitar ou retardar as doen ças que ela poderia vir a ter, embora não desconhecessem a historia familiar de migra- nea, glaucoma de pressão normal, cegueira e demência. Todas elas eram doenças referentes à mãe, mas que posteriormente foram diagnosticadas nela, filha, uma a uma, e na mesma seqüência, como era de se esperar. Eu mesma, quando diagnostiquei o glaucoma de pressão normal não valorizei como poderia o aspecto disfuncional vascular que ela apresentava desde cedo.
O que eu não vi e o clinico percebeu? No perfil emocional do migranoso, a ansiedade e muitas vezes a angústia não faltam. Eu não havia conhecido a Sra. X antes da meia idade. Hoje ela conseguia passar a imagem de uma pessoa em paz consigo mesma, ciente da responsabilidade de cuidar da mãe doente, sem que isso a transformasse numa queixosa crônica ou triste. Mas era apenas aparência. Ela não havia conseguido encontrar equilíbrio na forma de sentir a própria vida e o mundo à sua volta. E estava agora, literalmente, implodindo. Seguia para seu destino ( ela pensava que não poderia ser diferente do da mãe), sem sequer se permitir tentar mudá-lo.
Eu não consegui perceber que ela precisava de ajuda. Mais do que aumentar a medicação para tentar estabilizar o glaucoma, eu deveria tentar fazê-la se dar conta de que precisava se ajudar. Não é fácil de repente se dar conta de que é a forma como você vê (e age) em relação ao mundo à sua volta que altera as rotas de expressão genética e bioquímica que trazemos desde o nascimento. Todos nós deveríamos ter esse conhecimento. O que fazemos depois com ele cabe a cada um de nós.
“São as forças naturais dentro de nós que realmente curam a doença.”
Hipócrates (460-377 ac)
A medicina da doença
A “medicina da doença” não me interessava mais. A partir daquele dia passei a ver o que antes não era capaz: a pessoa por trás do diagnostico da doença que eu deveria tratar. E notei que esta percepção ainda não auxiliava as pessoas como eu gostaria. Era como enxugar gelo. A diferença que esta premissa impunha ao tratamento ajudava em relação aos desfechos negativos é inegável. Mas ainda era muito pouco. Podemos fazer mais, muito mais, se buscarmos nos antecipar à doença, achando indicadores que facilitem o entendimento das mudanças necessárias, a cada indivíduo, para se manter em equilíbrio por muito mais tempo.
É o que você faz e o que deixa de fazer, suas escolhas, que modificam as opções de reequilíbrio interno que seu organismo dispõe para mantê-lo saudável. Como já disse, seu corpo funciona do mesmo modo que o mundo funciona para você. Por um tempo você pode ter a ilusão de que não é assim. Mas não se iluda, é exatamente assim que acontece.
O que nos dá vida é algo indefinível até hoje, mas que mantém o todo orgânico funcionando bem azeitado. E do que essa coisa que passo a chamar de energia se nutre? Daquilo que é a nossa essência: a felicidade, que é a ligação com a criação, com o todo, através da natureza e do amor. Estar feliz é estar em paz, conseguir ver e sentir a beleza à sua volta. Ser capaz de estender a mão a qualquer um que precise. É amar a si mesmo e aos outros. Deixar de pensar como individuo, apenas, e ter consciência cada vez maior, de ser parte de um todo infinito. A saúde é um reflexo deste estado. Não somos (e nunca seremos) absolutamente saudáveis (mesmo quando não tivermos doença aparente). Mas podemos ser saudáveis o suficiente para ter uma vida plena e uma velhice digna de ser vivida.
O que os médicos fazem (e bem), é apenas estabilizar-nos por um tempo. Tempo este maior ou menor, dependendo do quanto já consumimos da nossa“energia”disponível. Vida, em outras palavras, é a energia dentro de nós que mantém funcionante a capacidade de auto-regulação do nosso organismo. Cada vez que ela diminui, nós médicos entramos em ação e mantemos o corpo funcionando, até que ele se recupere e passe a dar conta sozinho da tarefa. Mas, não é infinita esta energia. Ela diminui com a idade, isso já sabemos, uma vez que aos poucos existe uma falência múltipla dos nossos órgãos e morremos. Alguns com mais de cem anos, outros antes dos sessenta.
O que nós, médicos, aprendemos foi como manter o organismo vivo por mais tempo, mesmo que a energia que reste a ele, sozinha, não seja mais capaz de mantê-lo.
Do outro lado da questão, está a percepção cada vez mais intensa de que essa nossa energia vem de uma espécie de pilha que pode ter recarga sim, mas não ilimitada. Ca- da vez que ultrapassamos os limites de uso, a energia que sobra vai sendo insuficiente para reequilibrar-nos diuturnamente. E aí o ciclo passa a ser vicioso. Os remédios e cirurgias nos reequilibram,temporariamente, mas ao longo do tempo, além de ficarmos re- féns deles, seus efeitos sobre esta energia que resta não são positivos. É como uma bate- ria que é recarregada sem estar completamente sem carga: fica viciada e não mais funciona com plena autonomia durante o tempo que foi programada para durar.
Não seria ótimo que aliássemos mais qualidade de vida à longevidade que nos é possível hoje pelos avanços da ciência? Ela se agigantou em muitas áreas, mas estagnou em muitas outras. Como não fomos capazes de ver que o nosso novo estilo de vida minaria nossos esforços em relação à melhoria do estado de saúde, que esperávamos que viesse atrelada à longevidade conquistada?
Pesquisas mostram que vivemos mais sim, mas que esses anos a mais não representam, para a maioria de nós, conforto e bem estar.
Mudança de perspectiva
Já teve a experiência de se afastar de um problema para vê-lo com maior clareza? Muitas vezes deve ter sido aconselhado a deixar que pessoas, estranhas ao seu meio, o ajudassem a encontrar melhores soluções (ou mesmo apontar outras saídas possíveis) para momentos de maior dificuldade.
Já esteve no alto de um prédio e olhou as pessoas, casas e a natureza em volta? Viu como tudo muda de perspectiva? Somos uma gota de água no meio de um oceano, já sabemos. Mas saber não muda o fato de não querermos enxergar esta realidade e viver nosso papel da melhor forma possível. Se não somos os atores principais, e acho que não é mesmo para existir nenhum, se somos todos coadjuvantes de um mesmo processo, podemos nos sair bem vivendo plenamente nosso papel. Cada um de nós, seres vivos. Todos participamos de uma mesma engrenagem. E se não sabemos a finalidade dela, sabemos com certeza que a única maneira de viver bem esta possibilidade de vida é nos ajudando e vivendo em harmonia, animais de todas as espécies e meio ambiente. Cada um no seu papel.
Mas não temos sido bons parceiros. Predadores do meio em que vivemos e de nós mesmos é o que temos sido até então. E a natureza vem cobrando uma mudança, há tempos. Nosso ambiente interno também.
Você já parou para pensar no que acontece à sua volta com a natureza?Com os animais? Com tudo que está vivo?
O dia amanhece sempre à mesma hora, assim como o sol se põe dando inicio à noite, sempre com a mesma pontualidade. Absolutamente nada interfere nessa dinâmica diuturna. Os ciclos se repetem em situações climáticas diferentes, mas sempre mantendo a ritmicidade própria. É a vida nos lembrando que, assim como a natureza tem um ritmo imutável, nosso biorritmo deveria também ser respeitado para maior proveito dos recursos de que dispomos para nos mantermos saudáveis enquanto ela,vida, existir em nós.
Acordar e dormir, dormir e acordar. É no refazimento do sono de boa qualidade que se recompõe a energia dentro de nós e se anulam ciclos de multiplicação celular anômala que poderiam se transformar mais tarde em cânceres. A imunidade, que deve estar alerta para o combate ininterrupto ao que nos é estranho e que poderia nos adoecer, é regenerada durante o sono profundo. Imagine milhares de lilliputianos trabalhando a noite toda aqui e ali, dentro de nós, gigantes adormecidos, consertando o que foi danificado e reforçando o que está debilitado para que, ao acordar, estejamos prontos para mais uma batalha diária pela sobrevivência. Pela restauração do equilíbrio interno.
Pois é assim mesmo que acontece. Não se trata de ficção.
Se fossemos orientados, desde pequenos, a aperfeiçoar nossos recursos internos, manter nosso ritmo próprio e aprender a “ouvir e sentir” nossas necessidades individuais; se, em outras palavras, aprendêssemos a conhecer a nós próprios e a nos comprome- ter com nosso corpo, nos tornaríamos, com certeza, pessoas mais saudáveis. Os médicos seriam consultores de saúde e mediadores de situações de doença. Sua tarefa seria me- nos árdua, mais gratificante e o sistema de saúde não estaria sobrecarregado.
Homeopatia e “outras medicinas”
Não por acaso me interessei por homeopatia.
Não conheci nenhuma proposta da medicina ortodoxa que visse o mundo da forma como acho que ele deve ser visto: olhando de longe e tentando perceber o que está acontecendo, para onde está nos levando a nossa forma de ver e viver a vida. De tempos em tempos, devemos todos fazer uma retomada de posicionamento para corrigir eventuais entraves que nos impedem de seguir adiante com mais assertividade em nossas propostas e objetivos. A sociedade, grupo ou individuo que não age assim tem mais chances de errar cada vez mais e provocar a sua autodestruição.
Poucos de nós, médicos, temos discutido a saúde e a doença sob essa perspectiva. E os que o fizeram e ainda vivem são, quase todos, homeopatas. Uma das exceções, é o médico francês David Servan-Schreiber autor dos livros “Curar o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamento nem psicanálise”e “Anti-cancer”.E não há demérito algum em observar que ambos foram escritos após experiência pessoal com uma doença degenerativa.
Sempre fiquei curiosa em relação à possível motivação de um medico alopata e mais do que isso, um neurocientista, doutor em ciências neurocognitivas (sob orientação do pai da inteligência artificial, Herbert Simon) ao lançar seu primeiro livro. Aquele que fala sobre as possibilidades de tratamento não ortodoxo,bem sucedido,das doenças mentais do nosso século! A resposta veio logo depois, dois ou três anos, quando do lançamento de seu outro livro, “Anti-cancer”.
Ele fora obrigado a reconhecer a existência de alternativas inteligentes, interessantes e menos capazes de causar iatrogenia, por experiência própria, infelizmente mas, como é de costume, na maioria das vezes. Diz a sabedoria popular que,o que cada um de nós precisa aprender, será aprendido. E só existem duas vias para esse aprendizado: o amor ou a dor.
Este último livro é extremamente honesto, confessional e bastante didático, para ajudar o leigo, (será que apenas ele?) e ensiná-lo sobre como o corpo “forma o seu câncer” e como se proteger dessa armadilha. Ele resume no livro, o seu pensamento, anos após a convivência (pacífica) com um câncer cerebral potencialmente agressivo, descoberto por acaso. Operado, recidivado e mantido sob controle, a despeito dos piores prognósticos dos seus colegas alopatas.
Outro médico, o homeopata alemão Digerir Dhekelia, no livro “Qual é a doença do mundo – os mitos modernos ameaçam o nosso futuro”,da Ed. Cultrix, 2001 citou as diferentes formas de crescimento orgânico. Existem duas formas distintas de desenvolvimento, tanto humano, quanto animal ou vegetal. A forma usual, natural, tem o nome de crescimento orgânico, caracteristicamente rápido até alcançar um momento (em nós, seres humanos, seria mais ou menos até os vinte anos) em que deixa de construir para reparar. Ou seja, o objetivo passa a ser conservar as células e não mais produzir células novas, exceto quando elas servem para substituir as que são eliminadas no processo de reorganização.
Por outro lado no chamado crescimento exponencial, a via é inversa. Começa bem lento o crescimento de células novas, até um nível extremamente rápido de multiplicação celular, difícil de ser contido. Este é o modelo do câncer.
Em outro trecho, Dhekelia comenta que, de 1920 a 2001,quando o livro foi editado, as ditas doenças da civilização aumentaram exponencialmente, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em ordem decrescente, a doença de Alzheimer aumentou em oitenta e nove vezes, a esclerose múltipla cinquenta e nove vezes, o diabetes mellitus cinquenta e oito vezes e a obesidade, o câncer,as doenças reumáticas e as cardiovasculares aumentaram, respectivamente, trinta e cinco, vinte, dezessete e catorze vezes,neste período de oitenta e um anos.
Em menos de cem anos tivemos uma deterioração da saúde inimaginável para quem pensava em longevidade caminhando paralela à qualidade de vida. Imaginava-se uma sendo consequência natural da outra e ambas fruto do desenvolvimento tecnológico e científico que vivemos neste período.
Estávamos errados. E poucos de nós, como já disse, nos demos conta ou nos importamos com essa nova realidade. Mais do que isso, poucos de nós nos preocupamos em alertar outros sobre ela. E todos os que pensam a saúde integrando corpo, mente e meio ambiente têm vivido e praticado medicinas diferentes da medicina oficial, ortodoxa.
Elas ainda se diferenciam entre si, são conhecidas como medicina alternativa,eco- lógica, complementar e integrativa, para citar algumas. As propostas terapêuticas diferem aqui e ali, mas todas estão mais próximas (que a alopatia) do real objetivo da ajuda em saúde, que deve ser nos fazer tomar conhecimento de nós mesmos, de nosso organismo e das formas de cuidar da saúde, para que possamos alcançar um equilíbrio mais duradouro.
Diz um medico brasileiro:
“... todos nós temos o dever de lutar pela restauração do equilíbrio entre o homem e a natureza... não acredito que possa existir saúde sem a integração multidisciplinar entre todos os profissionais da área da saúde, sem educação em saúde (educação é a base de tudo) e muito menos sem respeito pelo ecossistema”.
Dr. Frederico Lobo em www.ecologiamedica.net/2010/10/ecologia-celular-livro.html
Eu me considero no limbo. Não sou mais médica alopata no sentido estrito. Mas também não sou homeopata, não trato com fitoterapia, não sou ortobiomolecular nem sigo a orientação da medicina oriental ayurvedica ou chinesa. Tenho conhecimento de todas essas formas de cuidar da saúde. Estudei várias destas terapias, acompanhei a ascensão de todas estas estratégias de tratamento, fiz cursos com médicos que são referência em cada uma delas.
Ainda assim não escolhi nenhuma como verdade única. Acredito que todas sejam ferramentas úteis, a cada momento, e em cada caso. Mas que não existe apenas uma única forma ideal de tratar um doente. Isso porque ainda acredito na capacidade ímpar de restabelecimento do organismo. E para mim, tratar deve ter o significado de ajudá-lo a voltar à situação de homeostasia, com o mínimo desgaste possível. Lembra da bateria que vai perdendo energia, como eu disse mais acima, e em determinado momento não consegue mais retomar a tarefa de manter o equilíbrio? Mínimo desgaste possível significa procurar manter inalteradas as rotas bioquímicas preestabelecidas. Isto só é possível se as drogas sintéticas forem utilizadas cada vez menos e por menos tempo.
E todas as formas de cuidar serão úteis, pontualmente, no tratamento de cada individuo, e específicas para ele, uma a cada momento. Mas nenhuma delas deverá ser usada cronicamente na manutenção do estado de saúde. Esta tarefa deverá ser devolvida ao próprio organismo. No longo prazo, todas elas, drogas alopáticas, fitoterápicas e/ou suplementação biomolecular são indesejáveis, a não ser na situação de manutenção da vida, quando o organismo já perdeu a capacidade de retomar o controle e a homeostasia. Neste caso específico, sem dúvida, a alopatia é opção única.
George Vithoulkas, homeopata grego é outro autor que há muito tempo chama atenção para a tragédia anunciada da evolução da medicina, que vem deixando a população refém da doença e das drogas usadas no seu tratamento.
Ele fala sobre um “novo modelo de saúde e doença” e aponta para a necessidade de “corrigir as deficiências de nossa medicina química” através do foco na “medicina da energia”. Ele se refere obviamente à homeopatia. Mas eu acredito, como já disse, que a maior contribuição do pensar homeopático foi acenar com a possibilidade (real) do organismo reparar a si mesmo, de forma contínua. Segundo a ótica homeopática, restaurado o nível energético do corpo, no caso específico pela medicação homeopática, ele seria capaz de retomar o controle e se reequilibrar. Desprovida de “matéria” e, portanto, considerada placebo pela alopatia, a droga homeopática tem significado semelhante ao da estimulação dos pontos de acupuntura da medicina chinesa, por exemplo.
Médicos brasileiros também estão atentos à essa necessidade de mudanças. Reproduzo abaixo um trecho do artigo de autoria do Dr.Neuci Cunha Gonçalves, homeopata pata, nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Medicina Integral. Este artigo foi publicado no Boletim “Medicina” do Conselho Federal de Medicina, Novembro-99. Titulo: Ética e Bondade no Ato Terapêutico.
“Cada médico há que fazer uma constante autocrítica de sua prática terapêutica para que, conscientemente, possa abraçar as teorias e os métodos emergentes que surgem da recente revolução cerebral que está sendo o germe de um novo paradigma. Tais mudanças, de início puramente teóricas e conceituais, denotam claramente uma próxima e grande mudança paradigmática, cuja ocorrência já se tornou irreversível. A condição “sine qua non” para a aceitação de novos métodos terapêuticos é que eles sejam coerentes com as novas visões, sejam eficazes e não-iatrogênicos. E não nos esqueçamos nunca que a premissa maior para que a prática médica seja de boa qualidade é que o ato terapêutico esteja, antes e acima de tudo, alicerçado na ética e na bondade.”
Para ver o artigo na integra acesse:
http://www.arzt.com.br/DetalhesArtigos.aspx?cid=9&aid=23
Ele é mais um médico com olhar voltado para a construção de uma medicina baseada no conceito de que o médico deve ser um coadjuvante no processo de cura do organismo, permitindo antes de mais nada, que o retorno à normalidade biológica, bioquímica e funcional se dê no tempo do organismo e de acordo com suas exigências.
Mas todas essas estratégias usadas pelas medicinas ditas complementares ou alternativas objetivam a retomada do equilíbrio através de técnica diferente da alopática, que é o ataque ao agressor,o rápido alivio sintomático por vias diferentes das que dispõe o organismo para resolver suas questões. Com a não legitimação das vias naturais de cura, os mecanismos alopáticos agiriam como reforço negativo das possibilidades inatas de homeostasia e, se crônicos, acabariam por inibir (muitas vezes definitivamente) a capacidade de retorno ao equilíbrio orgânico que todos temos. Obviamente falamos aqui de indivíduos potencialmente hígidos, nascidos sem déficits genéticos que impossibilitem esse mecanismo.
A toda regra existe exceção, mas mesmo quando é o caso, somos capazes de pensar em soluções que possam a longo prazo gerar menos efeitos colaterais e mais indepen dência química do organismo que as utiliza. E não negamos a imperativa necessidade do arsenal terapêutico moderno nas emergências médicas. Sem elas as vidas de muitos não seriam salvas. Em cada paciente e a cada situação cabe um recurso terapêutico diferente. O bom senso e o compromisso com a qualidade de vida futura de quem nos pro- cura como médicos faz com que a cada momento saibamos decidir o que pode e deve ser usado em beneficio maior do paciente.
O que questionamos é a excessiva valorização da doença em detrimento da promoção de saúde e da prevenção das mesmas emergências que a medicina oficial trata, com sucesso, para ver, depois de algum tempo, o retorno do mesmo paciente a situações de risco igual ou maiores que aquelas dos quais o socorreu essa medicina organicista.
Nós estamos vivendo a era da globalização, da visão do macro, do olhar à distância. A Medicina parece andar na contramão da sua época quando se torna, cada vez mais, localizada. Especialidades, sub-especialidades, avaliações míopes, cada vez mais olhando apenas o órgão doente, tratando aquela célula diferente. Nada no organismo funciona isoladamente! Ele é uma máquina de múltiplas funcionalidades, mas todas fazendo parte de um ambiente controlado com perfeição pelo conjunto de órgãos que se auxiliam na busca da manutenção do equilíbrio orgânico.
Pare e pense! Desde que nascemos essa máquina passa por mudanças, trilhões de vezes a cada dia, programada que foi para nos auxiliar a manter a vida pelo tempo que puder ser usado o seu sistema de compensação. E cada vez mais o organismo está ocupado em nos proteger de todas as múltiplas formas de agressão que nos atingem. O caos ambiental não difere do caos interno vivido hoje, por muitos de nós .Fomos os responsáveis pela destruição ambiental, assim como somos responsáveis pela falta de saúde (cada vez maior)!
As doenças crônicas degenerativas (câncer e doenças vasculares, p.ex.) se disseminam. Fala-se das epidemias e pandemias de doenças virais, AIDS, dengue, gripe AH1N1, mas e sobre a epidemia de obesidade e de câncer? Calamo-nos todos. E em volta, raros são aqueles que não conhecem de perto, na família ou no vizinho ao lado, pessoas adoecendo e morrendo de câncer, apesar do avanço tecnológico estupendo!
Sim, claro, vamos todos morrer… um dia. É o ciclo da vida! Mas o sofrimento agregado a essas doenças degenerativas é desumano! Há muito tempo sabemos que temos escolhas a serem feitas para manter a qualidade de vida até o fim. Ignoramos o que conhecemos sobre prevenção (e não diagnostico precoce), e partimos para tentar consertar o estrago que aparece a cada vez, sem nos ocuparmos com a repercussão dessas escolhas no dia, no mês ou nos anos seguintes.
E aqui cabe a observação de que não é dos médicos, apenas, a culpa por essa vi- são simplista. Com a disponibilização cada vez maior do conhecimento adquirido, a grande maioria de nós tem acesso a tudo que precisa para se inteirar da melhor forma de cuidar do seu bem de maior valor que é a sua saúde. E claro, se reportar ao médico, que hoje deve acumular mais uma função: a de facilitador de informação. Mas nós não queremos enxergar a realidade. Estamos vivendo um caos na saúde. E de quem é a culpa? Não é apenas do governo, da indústria farmacêutica ou do médico. Cada um de nós tem uma parcela nessa culpa coletiva: uns menos outros muito mais.
A primeira mudança tem que ser a da consciência individual. Ela acelera e promove a do coletivo. Juntos podemos fazer as mudanças necessárias à modificação dessa realidade tão difícil que vivemos hoje! E que, infelizmente, só tende a piorar, se a maioria de nós não estiver convencida a respeito da necessidade urgente de mudar.
Vamos construir uma realidade melhor para nós no futuro e para todos os que vierem depois de nós…
Entendendo melhor o adoecimento
Você sabia que a manifestação tardia do herpes zoster, na idade adulta e a possibilidade de dor excruciante que ele pode gerar não acontecem de repente? Como em relação às outras doenças, tudo o que nos faz deixar de nos sentirmos saudáveis teve um começo, um meio e não terá fim, a não ser quando a vida dentro de nós não mais existir.
Somos, cada um de nós, formados por minúsculas unidades celulares que fazem nosso organismo funcionar. Além delas, milhares, milhões de outros organismos vivos vivem em nós ao longo da nossa vida. Alguns ajudam as nossas células e sistemas ao longo da vida, outros nos dificultam a manutenção do equilíbrio interno em deter minados momentos e nos deixam em paz por outro tanto de tempo. E o mais interessante é que até nisso a decisão é nossa, mesmo que não seja uma opção consciente.
O equilíbrio interno existe quando as funções vitais são mantidas em ótimo funcionamento,quando existe a cooperação dos bons companheiros de viagem (bactérias e outros organismos que ajudam na manutenção deste equilíbrio) e ainda temos a capacidade de manter isolados aqueles que passaram a fazer parte de nós ao longo da nossa vida, mas podem nos tirar mais do que têm a oferecer em troca.
Como comentei acima, a apresentação tardia do herpes zoster, conhecido como cobreiro (bolhas na face e couro cabeludo, de um lado apenas da cabeça ou ainda entre as costelas ou no cóccix) é apenas um dos muitos exemplos que eu poderia citar aqui. Quem não se lembra de ter tido catapora? Pois foi quando ele, o vírus varicela-zoster nos conheceu. Entrou na nossa vida, sem a menor cerimônia. Não pediu licença. Foi chegando. Mas demos conta do recado e depois de alguns dias ele foi embora, não é?
Errado. Nós o recepcionamos, ele nos beijou e abraçou, gostou casa e ficou. O primeiro contato dos vírus, bactérias e fungos pode parecer ruim para nós, nos causam um mal estar que chamamos doença, mas é assim que eles interagem conosco,causando um desequilíbrio temporário, por conta da necessidade de fazer reajustes para manter mais um hospede nesta casa grande e espaçosa que é o nosso corpo.
Depois desse primeiro contato, ele é acomodado em seu novo lar e não nos deixa mais. Sabe onde pode ficar com conforto e isolado em sua vidinha. Não será atacado nem sofrerá (ou imporá) consequências, se as regras forem cumpridas. Não existem re- gulamentos a serem observados em condomínios e hotéis? Não é diferente no caso da nossa convivência com este e todos os nossos outros hóspedes.
Mas um belo dia, você esquece uma destas regras ou de várias delas. Ou não esquece, mas seu corpo está muito sobrecarregado com novos hóspedes ou outras funções. E ele, hóspede antigo, reclama. Deixamos de viver em harmonia (homem e microorganismo) e ele passa a buscar mais alimento e melhores condições de vida. Isto nos faz adoecer novamente, agora com sintomas diferentes, porque as situações já não são as mesmas. Já disse aqui em outro ponto do livro, que a dinâmica que mantém a saúde muda a cada fração de segundo.
Como na letra de uma música, “... nada será como antes... amanhã... tudo muda a cada instante...” (Lulu Santos). Convivemos com esta realidade e enquanto não aprendermos a nos conhecer, cada um de nós, e saber das possibilidades e realidades individuais não teremos a qualidade de vida que sonhamos. Mas depende mais de nós do que de qualquer outra situação ou pessoa.
Outra forma de ver a doença
Pense no que você deveria fazer quando compra um eletro-eletrônico: ler o manual. Pois é, mas quase ninguém lê e depois,quando descobre que fez alguma coisa que não deveria ter feito, nem sempre dá tempo de reverter o problema. Não é assim?
Tirando as doenças genéticas (ou fruto de mutações aleatórias, pelo menos até agora consideradas assim), maioria de nós que nasceu e teve uma infância com raros probleminhas facilmente resolvidos, condições de ter uma vida longa e saudável, sim. Esses acidentes de percurso na infância são derivados de processos adaptativos ao ambiente geográfico, físico e emocional a que estamos submetidos. São inerentes à nossa vida de relação e não temos escolha, na maioria das vezes.
Imagine este mesmoindivíduo, nas mesmas condições
citadas acima, já - dor de seus pontos
fracos,
ou seja, órgãos ou sistemas seus são menos
favorecidos biologicamente falando. Nesse ponto entram a genética
e a constituição bioquímica individual, que
podemos inferir grosseiramente pela historia familiar e por alguns
sinalizadores orgânicos que desde cedo surgem para nos alertar
a nós, médicos,se estivermos atentos a tudo que se
passa com aquele de quem cuidamos.
Este indivíduo, já do seu negativo poderia
trabalhar égias de fortalecimento desses pontos e passar a
ções melhores de adaptação seu organismo,
de forma a concorrer para a prevenção dessas doenças.
Isto é prevenção, não apenas fazer exames
para detectar precocemente uma doença já instalada mas
ainda em estágio inicial.
Neste ponto (ça instalada) é possível as mazelas pelas quais o indivídeverá passar durante sua vida, mas poderíamos fazer muito mais se agíssemos nu- ma fase anterior a esta!
Exemplo: às vezes tenho oportunidade de examinar
crianças que chegam ao consultório com queixa de dor de
cabeça. Pai e mãe vêm à consulta
preocupados com a criança. Já fizeram
eletroencefalograma, já foram ao neurologista (que encaminhou
ao oftalmologista), já fizeram antes outro exame de vista
(oftalmológico), às vezes até já chegam
usando óculos…e continuam com dor de cabeça!
Não leva cinco minutos para descobrir que algumas
dessas crianças têm o nervoso autônomo
hipersensível:
são crianças com comportamento mais
adulto
do que o esperado para a idade, perscrutadoras, tímidas (na
maior parte das vezes). No fundo de olho, vasos muito tortuosos. Olho
a íris: padrão
flor
(na iridologia), que mostra a sensibilidade
excessiva
do individuo. Mude o tom da mesma frase que falou antes e eles já
interpretam de outra maneira. São capazes de perceber nas
entrelinhas, muito mais do que qualquer criança da mesma
idade. A pupila se dilata mais frequentemente e com mais intensidade
que a das outras crianças.
Ao perguntar aos pais se a criança, quando menor, enjoava (ou vomitava ) quando viajava de carro ou ônibus (ou então assim que começava o movimento do carro dormiam, como forma de prevenção de sintomas desagradáveis), a resposta, já esperada, é invariavelmente sim. E, por último, se tocar, a essa altura, nas mãos desta criança, elas provavelmente estarão molhadas de suor e muito frias, característico desse tipo de comportamento. que falar para esses pais?
Vocês têm um filho que poderá vir a ter
diagnóstico formal de enxaqueca e tem potencial, entre outras
coisas, de se tornar um doente vascular na idade adulta (hipertensão
arterial, doença arterial coronariana e maior risco de
AVC,além da labirintite).Se eles não têm
intimidade com este tipo de avaliação ou querem uma
solução imediata e pontual para o sintoma relatado,
oque fazem neste momento?
-Mostram
claramente sua impaciência e desconforto com a informação
sem sequer questioná-la. Saem e nunca mais voltam.
-Entendem
que o que estamos descrevendo é o chamado terreno
biológico criança
e que essa descoberta pode ajudar, e muito, a prevenir ou retardar,
em muitos anos, esses eventos negativos citados. E, por fim,
perguntam o que podem fazer para ajudar o organismo do filho a
fortalecer as áreas de maior fragilidade e conseguir assim se
manter em equilíbrio e saudável por muito mais tempo?
Em qual das opções você apostou? Acho que você não errou.
Mesmo adultos, já ouvi de alguns pacientes, quando voltam à consulta: “Puxa, fiquei não sei quantos dias no CTI no mês passado. E eu estava tão bem antes, foi tudo tão de repente! Entrei em coma diabético (ou tive um infarto do miocárdio). Não entendo como isso foi acontecer!”
Dá para acreditar?
Na maioria das vezes, são pacientes com sobrepeso, com antecedentes familiares das doenças responsáveis pela sua hospitalização e quase todos, absolutamente sedentários. O que eles esperavam?
O que eu tentava dizer quando comparei ao eletro-eletrônico é que temos um Mado Proprietário, sim. Com ções a serem seguidas para levar a termo uma vida saudável e com menos sofrimento do que a que vivemos hoje. Para isso são necessárias mudanças de ambos os lados: íduos (pacientes) e édicos (convencionais). Os primeiros devem se comprometer com novas atitudes, para beneficio próprio; e os médicos, devem passar a ver a doença de seus pacientes como uma falha na proposta de acompanhar aquele indivíduo e ajudá-lo a conhecer e realizar todas as possibilidades de saúde. Em outras palavras,deixar de praticar uma medicina band-aid, voltada para o imediatismo daquele evento - doença específica - e passar a viver a da promoção da saúde, do esclarecimento, da orientação, da correção de desvios, mais valorizados do que o tratamento medicamentoso em si.
Isto só é possível, começando a atuar nas crianças e adolescentes de hoje,que serão os adultos e idosos de amanhã! E com excelente qualidade de vida, em sua maioria. Não se trata de utopia, pode acreditar.
A medicina conseguiu nos maravilhar com medicamentos, cirurgias e procedimentos que conseguem nos ajudar, muitíssimo, a resolver esses momentos difíceis ao longo da nossa vida. São cuidados indispensáveis e insubstituíveis nas emergências médicas, onde o organismo está em total desequilíbrio. Onde o suporte à vida faz toda diferença no resultado final. Mas, o que cada um de nós precisa ao longo da vida para necessitar cada vez menos destes recursos e se manter equilibrado por um tempo maior é diferente para cada um de nós.
Ninguém se conhece o suficiente, por mais que tente. Sempre nos surpreendemos com nós mesmos, não é?Então imagine o que outro indivíduo pode saber de nós em quinze minutos, uma hora ou uma semana conosco, às voltas com nossas dificuldades, tendo que resolver o que nós, em tantos anos, não conseguimos nem perceber que tínhamos? Estou falando dos médicos, claro. A ajuda que nos pode ser oferecida é pontual e limitada. Um termo usado em língua inglesa, por médicos e pacientes, exprime bem o que quero dizer. A palavra fix é usada no sentido de tratar, resolver um problema médico. Literalmente significa fixar, consertar. E é o que se faz, na grande maioria das vezes. Consertamos a peça quebrada, mas ela nunca mais funcionará como uma nova.
Saúde ou doença
...não é (mais) apenas uma questão de genética favorável ou não.
Hoje sabemos que podemos mudar o resultado final. Não se trata mais de uma possibilidade. É uma certeza!
“...O DNA é o nosso hardware e o ambiente é o software. Dependendo do programa que for instalado,o desempenho inteiro da máquina fica diferente...”“...ambi ente e genética trabalham juntos para decidir o seu destino...”
A citação acima reproduzida é da matéria “O destino (não ) está nos genes”, texto de Salvador Nogueira, na revista Superinteressante de jan. 2011(edição 287, pag. 48-51).
Outro autor, Bruce Lipton, em seu livro “A biologia da crença”, descreve a epigenética como “...o estudo dos mecanismos moleculares por meio dos quais o meio ambiente controla a atividade genética...”
Ele lembra ainda que:
“...evidências científicas mostram que os genes não controlam os seres vivos...”. E fala sobre a epigenética “... uma nova face da ciência, que revela mais detalhes sobre o complexo sistema e estrutura das doençasdoenças , incluindo o câncer ...”
Aprendemos muito nos últimos anos e hoje temos certeza de que a prevenção é possível e deve ser o nosso objetivo principal.
A tarefa que me impus, nestelivro,foi a de a forma de pensar de muitos médicos desconhecidos para a maioria de nós, leigos e profissionais ligados à área de saúde. Além disso, comento a medicina de hoje e seu contraponto, o cenário desejado para o futuro. E espero que nos ajudemos a esforços para alavancar mudanças e reverter os prognósticos negativos.
Cada um de nós tem uma forma de se expressar. Como leitora que também sou, sei que nem sempre o estilo de um autor agrada a muitos. Muitas vezes ele se torna repetitivo, maçante mesmo. Espero que ao ler este livro você não se prenda ao estilo e possa identificar o que se tenta comunicar através do texto, deixando de lado o formato, caso não goste dele. Espero também que os erros que não foram vistos na revisão não interfiram no entendimento do conteúdo que pretendi transmitir. É como eu tenho feito em relação ao que não acredito, mas leio para ver se sou convencida do contrário.
O que tento fazer aqui é lembrar a você de que existe escolha, sim!