Máquina coletora de pet faz sucesso em supermercado

Cada garrafa entregue para reciclagem dá direito a um desconto de R$ 0,01 nas compras do Extra em São Caetano 

São Paulo - Duas máquinas, parecidas com as máquinas de vender refrigerantes, tem causado filas no supermercado Extra de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Só que as pessoas estão lá para "devolver" as embalagens usadas de bebidas, sejam latas de alumínio ou pet. Cada embalagem devolvida e encaminhada para reciclagem corresponde a um bônus de compra no supermercado e, quem sabe, menos garrafas boiando nos rios e córregos da região. 

Implantadas há cinco meses como experiência, as máquinas superaram a expectativa e já recolheram 380 mil latas de alumínio e 360 mil garrafas pet. Com o sucesso, a rede de supermercados vai estender a iniciativa para dez lojas até meados de setembro (João Dias, Cidade Dutra, Aeroporto, Anhanguera, Anchieta, Carapicuiba, Penha, Tietê e Guarulhos, além da atual). 

Importadas dos Estados Unidos, onde existem há doze anos, as máquinas estão conseguindo dar valor a um produto desprezado por coletores, o pet, normalmente condenado a permanecer anos a fio ocupando lugar nos lixões ou sendo símbolo da degradação ambiental de rios, córregos e praias. Atualmente, enquanto as latas de alumínio têm um índice de reciclagem de quase 70% no Brasil, o pet não passa de 27%, apesar de ter mercado garantido na indústria têxtil - para confecção de carpetes, estofados e até roupas. 

Segundo Mozart Tomazetti, gerente de marketing da Red-Line, empresa que importa e administra as máquinas de reciclagem, o preço do pet ainda é baixo, mas está sendo superestimado para incentivar a reciclagem. Essa valorização é subsidiada em parte pelo supermercado e em parte pelo alumínio, que é remunerado com um valor um pouco menor que o de mercado. Assim, cada lata de alumínio dá direito a um desconto de R$ 0,02 e cada garrafa pet (independente do tamanho) vale R$ 0,01, nas compras no supermercado. 
 

Embora pareça um valor baixo individualmente, essa remuneração tem motivado moradores da redondeza e entidades assistenciais a juntarem embalagens para trocar. "Descobri as máquinas e dei a idéia na creche onde trabalho. Agora as mães das 100 crianças atendidas trazem as garrafas e, com o bônus, compramos ingredientes para as festinhas de aniversário que fazemos para as crianças", diz Helenice dos Santos, educadora da Creche Padre Pedro Balint, em Heliópolis, em São Paulo, que todas as semanas leva mais de 2 mil garrafas para reciclar. 

"Uso bastante para minha casa também. Com o dinheiro, compro pão, salsicha, ou o que estiver precisando na hora. Essa promoção está ajudando a gente e a natureza. Só acho que precisava de mais máquinas, para diminuir as filas", diz Helecine. 

Para quem não se motiva com o desconto, foi fechado um convênio com o Unicef pelo qual, a partir da instalação das novas máquinas nos supermercados, o usuário poderá doar o valor arrecadado para o programa de retirar crianças do lixão. Assim, o consumidor poderá entregar suas embalagens e, se preferir, colocar o cupom de desconto na urna do Unicef. 

  
Maura Campanili