Gênesis 31
1, 2,
3, 4, 5, 6,
7, 8, 9, 10,
11, 12, 13, 14,
15, 16, 17, 18,
19, 20, 21, 22,
23, 24, 25, 26,
27, 28, 29, 30,
31, 32, 33, 34,
35, 36, 37,
38, 39, 40, 41,
42, 43, 44, 45,
46, 47, 48, 49,
50, 51, 52, 53,
54, 55
1 JACÓ SOUBE
QUE os filhos de Labão andavam murmurando contra ele. Diziam eles:
“Ora vejam! Jacó deve ao nosso pai tudo o que tem. Toda a riqueza
dele foi ajuntada às custas do nosso pai!”
2 Outra coisa: Jacó
notou que agora era tratado com frieza por Labão.
3 Foi quando o Senhor
disse a Jacó: “Volte para a casa dos seus pais, para a companhia
dos seus parentes de lá. E estarei com você.”
4 Por isso Jacó
mandou chamar Raquel e Lia, para conversar com elas no campo, lá
onde ele estava cuidando dos rebanhos.
5-8
“Seu pai se virou contra mim,” disse Jacó
às duas. “Mas o Deus de meus pais está comigo. Vocês
bem sabem como trabalhei com afinco para o seu pai. E ele só me
engana. Vive rompendo os tratos feitos comigo! Mas Deus não deixou
que ele me causasse prejuízo nenhum. Pois se ele dizia que os animais
com pintas na pele seriam meus, só nasciam animais assim. Se ele
mudava e dizia que os listados seriam o meu salário, então
só nasciam animais listados nos rebanhos.
9 “Foi assim que
Deus fez que eu ficasse rico, às custas de Labão.
10 “Pois na época
do cruzamento dos animais, sonhei e vi que os machos que cobriam as fêmeas
dos rebanhos tinham listas ou pintas ou manchas.
11,12 “No
sonho o Anjo de Deus me chamou a atenção para isso, e logo
entendi o que devia fazer para receber a bênção sobre
o meu trabalho. E o Anjo de Deus me disse em sonho o motivo por que estava
dando aquela instrução: ‘Porque vejo o que Labão está
fazendo com você,’ disse Ele.
13 ‘Eu sou o Deus
que você encontrou em Betel,’ continuou o Anjo. ‘Lá você
derramou azeite num monumento e fez promessa de me servir. Pois bem, saia
agora desta terra, e volte para a sua terra natal.”
14-16
Em resposta, Raquel e Lia disseram: “Que podemos
esperar do nosso pai? Pois ele nos tratou como se fôssemos estrangeiras!
Além de nos vender, acabou com os bens que poderíamos receber!
E agora, a riqueza que devia ser nossa por herança, Deus tirou de
nosso pai e deu a você. Essa riqueza é nossa e dos nosso filhos!
Portanto, faça tudo o que Deus mandou.”
17-21
Aproveitando que Labão estava fora de casa,
dirigindo o trabalho de tosquiar ovelhas, Jacó fugiu. Fez as mulheres
e os filhos montarem em camelos e fugiu com eles. Levou todos os rebanhos
e todas as riquezas que tinha conseguido ajuntar em Padã-Arã.
E saiu para a terra de Canaã, para a casa de Isaque, pai dele.
Raquel roubou os ídolos do lar, e levou todos eles com ela. Assim
foi que Jacó fugiu de Labão às escondidas, levando
tudo que tinha. Atravessou o rio Eufrates e avançou em direção
ao território montanhoso de Gileade.
22 Só três
dias depois Labão ficou sabendo que Jacó ia fugindo.
23 Reuniu vários
homens e com eles saiu logo em perseguição a Jacó.
Depois de sete dias de viagem, alcançou Jacó no monte Gileade.
24 Mas na noite
em que ia chegando perto de onde Jacó estava, Deus veio ao arameu
Labão em sonhos, e disse: “Cuidado com o que vai fazer a Jacó!
Nada de bênção nem maldição!”
25 Finalmente Labão
alcançou os fugitivos. Jacó estava acampado no monte Gileade.
Labão armou o seu acampamento no mesmo monte.
26-28
“O que você fez?” perguntou Labão.
“Por acaso minhas filhas são prisioneiras de guerra, para você
fugir com elas deste jeito? Por que me enganou e saiu às escondidas?
Por que não me contou seu plano? Pois eu bem que gostaria de dar
uma grande festa de despedida, com canções, e orquestra,
e harpa! Você nem me deu oportunidade para beijar meus netos e netas!
Que estranho modo de agir, o seu!
29 “Tenho forças
suficientes para destruir vocês todos,” continuou Labão. “Mas
o Deus do seu pai Isaque me apareceu ontem à noite. Ele me proibiu
de maltratar você.
30 “Muito bem. Está
certo que tenha saudade de casa e queira voltar para lá. Mas por
que roubou os meus ídolos?”
31 “Eu fugi assim,”
respondeu Jacó, “porque fiquei com medo. Pensei comigo: ‘Bem pode
ser que Labão não me deixe levar as filhas dele.’
32 “Mas quanto aos
seus ídolos, será morto aquele que estiver com eles. Pode
revistar tudo neste acampamento. Ser você achar alguma coisa sua,
pode levar de volta.”
33 Labão
vasculhou as tendas de Jacó, de Lia, de Raquel e das duas criadas,
e não achou os ídolos.
34,35 Quando
Labão entrou na tenda de Raquel, ela estava sentada na sela de um
camelo. Acontece que Raquel tinha posto os ídolos na sela e estava
sentada em cima deles. Por isso disse a Labão: “Peço desculpa,
meu pai, por não me levantar. É que estou no difícil
período mensal das mulheres.” Assim Labão procurou, apalpando
a tenda inteira, e não achou os ídolos.
36,37 Então
foi a vez de Jacó ficar zangado com Labão. “Que encontrou?”
perguntou ele. “Qual é o meu crime? Você veio atrás
de mim como caçador de criminosos, e revirou tudo o que tenho. Achou
alguma coisa da sua casa? Vamos! Ponha o que encontrou aqui, na frente
dos meus homens e dos parentes. Eles vão decidir qual de nós
dois está errado.
38,39 “Estive
com você vinte anos, cuidando dos seus rebanhos. Durante esse tempo
todo, as suas ovelhas e cabras produziram crias sadias. Também nunca
me servi dos seus carneiros para alimento. E quando algum animal dos seus
rebanhos era morto e despedaçado pelas feras, alguma vez pedi que
você descontasse isso na contagem? Não! Eu sempre sofri o
prejuízo! Você descontava tudo do meu salário, incluindo
os animais roubados. E isso, ainda que o roubo fosse feito em ocasião
que estava fora da minha responsabilidade!
40 “Trabalhei para
você nas horas quentes do dia, e sofrendo a geada da noite, ficando
noites e noites sem dormir.
41 “Foram vinte
longos anos! Catorze anos trabalhei para casar com as suas duas filhas,
e seis anos trabalhei para formar o meu rebanho. “E para me prejudicar,
você mudou dez vezes o salário combinado!
42 “Ah, se não
fosse o Deus do meu avô Abraão, o temível Deus do meu
pai Isaque! A estas horas você me estaria mandando embora sem nada.
Mas Deus viu a sua maldade, e o trabalho duro que fiz. Por isso Ele preveniu
você ontem à noite.”
43 Labão
respondeu: “Estas mulheres são minhas filhas, e estas crianças
são minhas. A mesma coisa posso dizer destes rebanhos e de tudo
o que você tem – tudo é meu. Daí, como posso prejudicar
as minhas filhas e o meus netos?
44 “Portanto, venha
cá! Façamos um trato de amizade, e deixemos aqui alguma coisa
que sirva para lembrar isso.”
45,46 Jacó
pôs mãos à obra. Pegou uma pedra e fez dela um monumento.
Depois mandou os seus homens juntarem ali uma pilha de pedras. Feito isso,
Jacó e Labão comeram juntos, ao lado das pedras empilhadas.
47,48 Os
dois deram à pilha de pedras o nome de “Pilha do Testemunho” – “Jegar-Saaduta”,
na língua de Labão, e “Galeede”, na língua de Jacó.
“Esta pilha de pedra será testemunha contra nós,” disse Labão,
“se não cumprirmos o trato que fizemos.”
49 Também
recebeu o nome de Mispa – que quer dizer “Torre de Vigia”, pois, como disse
Labão: “Que o Senhor vigia cada um de nós, quando estivermos
separados, quanto ao cumprimento do contrato.
50 “Se você
maltratar as minhas filhas, ou tomar outras mulheres – eu estarei longe,
mas Deus estará vendo.
51,52 “Este
monumento,” continuou Labão, está entre nós como testemunha
do nosso compromisso de não cruzarmos esta linha para atacar um
ao outro. Você não me atacará, nem eu a você.
53 “Que o Deus de
Abraão, de Naor e do pai deles destrua aquele de nós que
fizer isso.” Assim Jacó fez juramento diante do temível Deus
do seu pai Isaque. Prometeu respeitar o limite combinado.
54 Então
Jacó, ali no topo do monte, ofereceu um sacrifício a Deus.
Convidou todos para a festa, e passaram a noite junto, no monte.
55 Na manhã
seguinte, Labão se levantou cedo, beijou e abençoou as filhas
e os netos, e foi para casa.