As
glicoproteínas constituem a maioria dos marcadores tumorais e podem
derivar de tecidos placentários (ß-hCG) ou de vários tecidos fetais
(CEA, AFP); podem também ser encontradas em pequenas quantidades em
vários tecidos normais do homem adulto. Estes marcadores tumorais
geralmente contêm menos de 20% de carboidratos, embora alguns, como o
CEA, possam conter até 60%. Os determinantes antigênicos se encontram
na cadeia polipeptídica. As glicoproteínas não são tumor-específicas.
Antígeno Carcinoembrionário
Antígeno Carcinoembrionário - CEA ou Antígeno carcinoembriônico - ACE
Antígeno Carcinoembrionário (CEA ou ACE) é uma proteína normalmente
encontrada apenas em pequenas quantidades no sangue de pessoas
saudáveis, mas ela se torna elevada em algumas pessoas que têm câncer
ou condição não cancerosa (benignidade). Por exemplo, um nível elevado
de ACE tem sido achado em mais da metade das pessoas que têm câncer de
cólon, pâncreas, estômago, pulmão ou mama. Pacientes com outros tipos
de câncer, fumantes de cigarro e pacientes com desordens como colite
ulcerativa, doenças do fígado e infecção do pulmão também podem ter um
nível elevado de ACE. O CEA é o protótipo dos marcadores tumorais e tem
sido intensivamente investigado desde sua identificação, em 1965, por
Gold e Freedman. Estes autores identificaram um antígeno em extratos de
adenocarcinoma de cólon humano adulto e cólon fetal, que não era
detectável em extratos similares de cólon normal. CEA é uma
glicoproteína presente na superfície da membrana celular e é
prontamente compartilhado com os fluidos corpóreos vizinhos; seu
clareamento é desconhecido, mas é sabido ser o fígado seu principal
sítio de metabolismo. Os níveis séricos de CEA podem se tornar
indetectáveis após ressecção completa do tumor de cólon ou pulmão em
período que varia de poucos dias a até 3 meses. O CEA tem sido
amplamente utilizado como auxiliar no diagnóstico e tratamento do
câncer. Os níveis séricos considerados normais variam de 2,5 a 5 ng/ml.
Geralmente, níveis séricos menores que 10 ng/ml são encontrados em
doenças não malignas como: 1. doenças hepáticas: alcoolismo, hepatite
crônica ativa, doença biliar primária; 2. doenças do trato digestivo:
úlcera péptica, pancreatite, diverticulite, doença inflamatória
intestinal; 3. doenças pulmonares: bronquite; 4. outras doenças:
insuficiência renal, tabagismo.
A incidência de níveis séricos elevados do CEA em doenças malignas
varia de 9% (teratoma de testículo) a 100% (alguns relatos científicos
de carcinoma colo-retal metastático),pulmão (52% a 77%), pâncreas (61%
a 68%), trato gastrointestinal (40% a 60%), fígado (40% a 60%), trato
biliar (80%), tireóide (50% a 70%), colo uterino (40% a 50%), mama (30%
a 50%). A incidência varia não apenas com o tipo de tumor como também
com seu estágio, sendo geralmente mais elevado o nível em pacientes com
doença metastática. Níveis superiores a 10mg/ml são encontrados em 0%
dos casos de câncer colo-retal Dukes A, em 16% dos estadios Dukes B, em
30% dos estadios Dukes C e 61% dos estadios Dukes D. Embora o CEA não
seja útil para triagem ou diagnostico ele tem se mostrado muito
importante no acompanhamento clínico de pacientes com diversos tipos de
câncer, especialmente carcinoma colo-retal, em que os níveis
pré-operatórios de CEA estão elevados em 40% a 70% dos casos e se
correlacionam com a histologia tumoral e estágio patológico. Níveis
pré-operatórios elevados de CEA também se correlacionam com o
prognóstico: pacientes com níveis acima de 10 ng/ml antes da cirurgia
têm pior prognóstico que os pacientes com níveis menores. O CEA é
também importante no monitoramento do tratamento; após uma ressecção
curativa o nível sérico pré-operatório deve normalizar. Níveis séricos
elevados persistentes predizem doença residual ou recidiva. Níveis
pós-operatórios crescentes são preocupantes e devem ser interpretadas
como doença recidivada até que se prove o contrário. O aumento do CEA
pode ser observado de 2 a 18 meses antes da detecção clínica da
recidiva. Os níveis séricos de CEA têm também mostrado correlação com
resposta tumoral ou progressão em pacientes que se submetem a
quimioterapia ou radioterapia. A utilidade clínica do CEA tem sido
também investigada em outros tumores como câncer gástrico, pancreático,
pulmonar e mamário. Aqui, da mesma forma que em tumores colo-retais,
níveis elevados ao diagnóstico se correlacionam com estadiamento
avançado e se correlacionam inversamente com o prognóstico, enquanto
níveis pós-operatórios crescentes geralmente indicam recidiva.