As imunoglobulinas monoclonais (proteínas M)
foram os primeiros marcadores tumorais conhecidos. Elas são
reconhecidas pela eletroforese de proteína do soro ou da urina e
caracterizadas por imunofixação no soro ou na urina como imunoglobulina
(IgG , IgA, IgM, IgD, IgE, ou cadeias leves livres k (kappa) ou l
(lambda). As proteínas M estão presentes em quase 1% dos adultos, mas
cerca de 25% dessas proteínas tem significado indeterminado. Cerca de
50% dessas proteínas M identificadas indica o diagnóstico de mieloma
múltiplo. Aproximadamente 4% dos pacientes com imunoglobulinas
monoclonais têm macroglobulinemia de Waldenström, doença maligna de
linfócitos B que secretam grandes quantidades de IgM. Quase 15% dos
pacientes com proteínas M têm doença maligna linfoproliferativa de
células B, como leucemia linfocítica crônica ou linfoma.
Imunoglobulina monoclonal no soro e paraproteina de cadeia leve
excretada na urina foram os primeiros marcadores tumorais conhecidos.
Elas estão entre os critérios maiores para diagnóstico de mieloma
múltiplo. Mais de 99% dos pacientes com esta doença terão o chamado
componente M. Gamopatia monoclonal é vista em 6% a 33% dos pacientes
com LLC, 7,2% dos LNH difusos e 1,4% dos linfomas nodulares. Triagem
com eletroforese de proteína e imunoeletroforese não é útil para
mieloma múltiplo (MM) devido a várias condições benignas que mostram
esta alteração (presença de componente M); mão obstante, estes testes
são de grande utilidade na abordagem do MM (diagnóstico, prognóstico,
resposta terapêutica e sobrevida). A gamopatia tipo IgA tem menor
sobrevida, menor duração de remissão e maior freqüência de complicações
(como azotemia e hipercalcemia) que a gamopatia tipo IgG. Resposta
terapêutica e MM é definida como queda dos níveis do componente M a
valores inferiores a 25% daqueles observados antes do início do
tratamento ou da proteinúria de Bence Jones a menos que 10% do valor
inicial, com retorno de ambos a níveis considerados normais. Um aumento
dos níveis da imunoglobulina monoclonal após tratamento está
invariavelmente associado com recaída.
Proteínas M detectadas por eletroforese de proteína no soro não são
úteis para screening para mieloma, porque só 50% dos pacientes que
apresentam proteína monoclonal têm mieloma múltiplo. O diagnóstico, o
prognóstico e a monitorização da terapia dependem não só da descoberta
de uma proteína monoclonal mas também da caracterização do tipo de
imunoglobulina. Pacientes com mieloma IgA apresentam taxa de sobrevida
significativamente reduzida e complicações mais severas da doença do
que os pacientes com mieloma IgG ou doença de cadeias leves.