F40-F48 Transtornos neuróticos,
transtornos relacionados com o “stress” e transtornos somatoformes
Exclui:
quando
associado aos transtornos de conduta classificados em F91.-
(F92.8)
F40
Transtornos fóbico-ansiosos
Grupo
de transtornos nos quais uma ansiedade é desencadeada exclusiva
ou essencialmente por situações nitidamente determinadas
que não apresentam atualmente nenhum perigo real. Estas situações
são, por esse motivo, evitadas ou suportadas com temor. As preocupações
do sujeito podem estar centradas sobre sintomas individuais tais como palpitações
ou uma impressão de desmaio, e freqüentemente se associam com
medo de morrer, perda do autocontrole ou de ficar louco. A simples evocação
de uma situação fóbica desencadeia em geral ansiedade
antecipatória. A ansiedade fóbica freqüentemente se
associa a uma depressão. Para determinar se convém fazer
dois diagnósticos (ansiedade fóbica e episódio depressivo)
ou um só (ansiedade fóbica ou episódio depressivo),
é preciso levar em conta a ordem de ocorrência dos transtornos
e as medidas terapêuticas que são consideradas no momento
do exame.
F40.0
Agorafobia
Grupo
relativamente bem definido de fobias relativas ao medo de deixar seu domicílio,
medo de lojas, de multidões e de locais públicos, ou medo
de viajar sozinho em trem, ônibus ou avião. A presença
de um transtorno de pânico é freqüente no curso dos episódios
atuais ou anteriores de agorafobia. Entre as características associadas,
acham-se freqüentemente sintomas depressivos ou obsessivos, assim
como fobias sociais. As condutas de evitação comumente são
proeminentes na sintomatologia e certos agorafóbicos manifestam
pouca ansiedade dado que chegam a evitar as situações geradoras
de fobia.
Agorafobia
sem antecedentes de transtorno de pânico
Transtorno
de pânico com agorafobia
F40.1
Fobias sociais
Medo
de ser exposto à observação atenta de outrem e que
leva a evitar situações sociais. As fobias sociais graves
se acompanham habitualmente de uma perda da auto-estima e de um medo de
ser criticado. As fobias sociais podem se manifestar por rubor, tremor
das mãos, náuseas ou desejo urgente de urinar, sendo que
o paciente por vezes está convencido que uma ou outra destas manifestações
secundárias constitui seu problema primário. Os sintomas
podem evoluir para um ataque de pânico.
Antropofobia
Neurose
social
F40.2
Fobias específicas (isoladas)
Fobias
limitadas a situação altamente específicas tais como
a proximidade de determinados animais, locais elevados, trovões,
escuridão, viagens de avião, espaços fechados, utilização
de banheiros públicos, ingestão de determinados alimentos,
cuidados odontológicos, ver sangue ou ferimentos. Ainda que a situação
desencadeante seja inofensiva, o contato com ela pode desencadear um estado
de pânico como na agorafobia ou fobia social.
Acrofobia
Claustrofobia
Fobia(s)
(de):
· animais
· simples
Exclui:
dismorfofobia
(não-delirante) (F45.2)
nosofobia
(F45.2)
F40.8
Outros transtornos fóbico-ansiosos
F40.9
Transtorno fóbico-ansioso não especificado
Estado
fóbico SOE
Fobia
SOE
F41
Outros transtornos ansiosos
Transtornos
caracterizados essencialmente pela presença da manifestações
ansiosas que não são desencadeadas exclusivamente pela exposição
a uma situação determinada. Podem se acompanhar de sintomas
depressivos ou obsessivos, assim como de certas manifestações
que traduzem uma ansiedade fóbica, desde que estas manifestações
sejam, contudo, claramente secundárias ou pouco graves.
F41.0
Transtorno de pânico [ansiedade paroxística episódica]
A
característica essencial deste transtorno são os ataques
recorrentes de uma ansiedade grave (ataques de pânico), que não
ocorrem exclusivamente numa situação ou em circunstâncias
determinadas mas de fato são imprevisíveis. Como em outros
transtornos ansiosos, os sintomas essenciais comportam a ocorrência
brutal de palpitação e dores torácicas, sensações
de asfixia, tonturas e sentimentos de irrealidade (despersonalização
ou desrrealização). Existe, além disso, freqüentemente
um medo secundário de morrer, de perder o autocontrole ou de ficar
louco. Não se deve fazer um diagnóstico principal de transtorno
de pânico quando o sujeito apresenta um transtorno depressivo no
momento da ocorrência de um ataque de pânico, uma vez que os
ataques de pânico são provavelmente secundários à
depressão neste caso.
Ataque
|
ü
|
|
Estado
|
ý
|
de
pânico
|
Síndrome
|
þ
|
|
Exclui:
transtorno
de pânico com agorafobia (F40.0)
F41.1
Ansiedade generalizada
Ansiedade
generalizada e persistente que não ocorre exclusivamente nem mesmo
de modo preferencial numa situação determinada (a ansiedade
é “flutuante”). Os sintomas essenciais são variáveis,
mas compreendem nervosismo persistente, tremores, tensão muscular,
transpiração, sensação de vazio na cabeça,
palpitações, tonturas e desconforto epigástrico. Medos
de que o paciente ou um de seus próximos irá brevemente ficar
doente ou sofrer um acidente são freqüentemente expressos.
Estado
|
î
|
ansiosa(o)
|
Neurose
|
ì
|
|
Reação
de angústia
Exclui:
F41.2
Transtorno misto ansioso e depressivo
Esta
categoria deve ser utilizada quando o sujeito apresenta ao mesmo tempo
sintomas ansiosos e sintomas depressivos, sem predominância nítida
de uns ou de outros, e sem que a intensidade de uns ou de outros seja suficiente
para justificar um diagnóstico isolado. Quando os sintomas ansiosos
e depressivos estão presentes simultaneamente com uma intensidade
suficiente para justificar diagnósticos isolados, os dois diagnósticos
devem ser anotados e não se faz um diagnóstico de transtorno
misto ansioso e depressivo.
Depressão
ansiosa (leve ou não-persistente)
F41.3
Outros transtornos ansiosos mistos
Sintomas
ansiosos mistos se acompanham de características de outros transtornos
citados em F42-F48. Nenhum tipo de sintoma é
suficientemente grave para justificar diagnósticos isolados.
F41.8
Outros transtornos ansiosos especificados
Histeria
de angústia
F41.9
Transtorno ansioso não especificado
Ansiedade
SOE
F42
Transtorno obsessivo-compulsivo
Transtorno
caracterizado essencialmente por idéias obsessivas ou por comportamentos
compulsivos recorrentes. As idéias obsessivas são pensamentos,
representações ou impulsos, que se intrometem na consciência
do sujeito de modo repetitivo e estereotipado. Em regra geral, elas perturbam
muito o sujeito, o qual tenta, freqüentemente resistir-lhes, mas sem
sucesso. O sujeito reconhece, entretanto, que se trata de seus próprios
pensamentos, mas estranhos à sua vontade e em geral desprazeirosos.
Os comportamentos e os rituais compulsivos são atividades estereotipadas
repetitivas. O sujeito não tira prazer direto algum da realização
destes atos os quais, por outro lado, não levam à realização
de tarefas úteis por si mesmas. O comportamento compulsivo tem por
finalidade prevenir algum evento objetivamente improvável, freqüentemente
implicando dano ao sujeito ou causado por ele, que ele(a) teme que possa
ocorrer. O sujeito reconhece habitualmente o absurdo e a inutilidade de
seu comportamento e faz esforços repetidos para resistir-lhes. O
transtorno se acompanha quase sempre de ansiedade. Esta ansiedade se agrava
quando o sujeito tenta resistir à sua atividade compulsiva.
Inclui:
neurose:
· anancástica
· obsessivo-compulsiva
Exclui:
personalidade
(transtorno da) obsessivo-compulsiva (F60.5)
F42.0
Transtorno obsessivo-compulsivo com predominância de idéias
ou de ruminações obsessivas
Pode-se
tratar de pensamentos, imagens mentais ou impulsos para agir, quase sempre
angustiantes para o sujeito. Às vezes trata-se de hesitações
intermináveis entre várias opções, que se acompanham
freqüentemente de uma incapacidade de tomar decisões banais
mas necessárias à vida cotidiana. Existe uma relação
particularmente estreita entre as ruminações obsessivas e
a depressão, e deve-se somente preferir um diagnóstico de
transtorno obsessivo-compulsivo quando as ruminações surgem
ou persistem na ausência de uma síndrome depressiva.
F42.1
Transtorno obsessivo-compulsivo com predominância de comportamentos
compulsivos [rituais obsessivos]
A
maioria dos atos compulsivos está ligada à limpeza (particularmente
lavar as mãos), verificações repetidas para evitar
a ocorrência de uma situação que poderia se tornar
perigosa, ou um desejo excessivo de ordem. Sob este comportamento manifesto,
existe o medo, usualmente de perigo ao ou causado pelo sujeito e a atividade
ritual constitui um meio ineficaz ou simbólico de evitar este perigo.
F42.2
Transtorno obsessivo-compulsivo, forma mista, com idéias obsessivas
e comportamentos compulsivos
F42.8
Outros transtornos obsessivo-compulsivos
F42.9
Transtorno obsessivo-compulsivo não especificado
F43
Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação
Esta
categoria difere das outras na medida que sua definição não
repousa exclusivamente sobre a sintomatologia e a evolução,
mas igualmente sobre a existência de um ou outro dos dois fatores
causais seguintes: um acontecimento particularmente estressante desencadeia
uma reação de “stress” aguda, ou uma alteração
particularmente marcante na vida do sujeito, que comporta conseqüências
desagradáveis e duradouras e levam a um transtorno de adaptação.
Embora fatores de “stress” psicossociais (“life events”) relativamente
pouco graves possam precipitar a ocorrência de um grande número
de transtornos classificados em outra parte neste capítulo ou influenciar-lhes
o quadro clínico, nem sempre é possível atribuir-lhes
um papel etiológico, quanto mais que é necessário
levar em consideração fatores de vulnerabilidade, freqüentemente
idiossincráticos, próprios de cada indivíduo; em outros
termos, estes fatores não são nem necessários nem
suficientes para explicar a ocorrência e a natureza do transtorno
observado. Em contraste, para os transtornos reunidos aqui sob F43,
admite-se que sua ocorrência é sempre a conseqüência
direta de um “stress” agudo importante ou de um traumatismo persistente.
O acontecimento estressante ou as circunstâncias penosas persistentes
constituem o fator causal primário e essencial, na ausência
do qual o transtorno não teria ocorrido. Os transtornos reunidos
neste capítulo podem assim ser considerados como respostas inadaptadas
a um “stress” grave ou persistente, na medida em que eles interferem com
mecanismos adaptativos eficazes e entravam assim o funcionamento social.
F43.0
Reação aguda ao “stress”
Transtorno
transitório que ocorre em indivíduo que não apresenta
nenhum outro transtorno mental manifesto, em seguida a um “stress” físico
e/ou psíquico excepcional, e que desaparece habitualmente em algumas
horas ou em alguns dias. A ocorrência e a gravidade de uma reação
aguda ao “stress” são influenciadas por fatores de vulnerabilidade
individuais e pela capacidade do sujeito de fazer face ao traumatismo.
A sintomatologia é tipicamente mista e variável e comporta
de início um estado de aturdimento caracterizado por um certo estreitamento
do campo da consciência e dificuldades de manter a atenção
ou de integrar estímulos, e uma desorientação. Este
estado pode ser seguido quer por um distanciamento do ambiente (podendo
tomar a forma de um estupor dissociativo – ver F44.2)
ou de uma agitação com hiperatividade (reação
de fuga). O transtorno se acompanha freqüentemente de sintomas neurovegetativos
de uma ansiedade de pânico (taquicardia, transpiração,
ondas de calor). Os sintomas se manifestam habitualmente nos minutos que
seguem a ocorrência do estímulo ou do acontecimento estressante
e desaparecem no espaço de dois a três dias (freqüentemente
em algumas horas). Pode haver uma amnésia parcial ou completa (F44.0)
do episódio. Quando os sintomas persistem, convém considerar
uma alteração do diagnóstico (e do tratamento).
Choque
psíquico
Estado
de crise
Fadiga
de combate
Reação
aguda (à) (ao):
· crise
· “stress”
F43.1
Estado de “stress” pós-traumático
Este
transtorno constitui uma resposta retardada ou protraída a uma situação
ou evento estressante (de curta ou longa duração), de natureza
excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, e que provocaria
sintomas evidentes de perturbação na maioria dos indivíduos.
Fatores predisponentes, tais como certos traços de personalidade
(por exemplo compulsiva, astênica) ou antecedentes do tipo neurótico,
podem diminuir o limiar para a ocorrência da síndrome ou agravar
sua evolução; tais fatores, contudo, não são
necessários ou suficientes para explicar a ocorrência da síndrome.
Os sintomas típicos incluem a revivescência repetida do evento
traumático sob a forma de lembranças invasivas (“flashbacks”),
de sonhos ou de pesadelos; ocorrem num contexto durável de “anestesia
psíquica” e de embotamento emocional, de retraimento com relação
aos outros, insensibilidade ao ambiente, anedonia, e de evitação
de atividades ou de situações que possam despertar a lembrança
do traumatismo. Os sintomas precedentes se acompanham habitualmente de
uma hiperatividade neurovegetativa, com hipervigilância, estado de
alerta e insônia, associadas freqüentemente a uma ansiedade,
depressão ou ideação suicida. O período que
separa a ocorrência do traumatismo do transtorno pode variar de algumas
semanas a alguns meses. A evolução é flutuante, mas
se faz para a cura na maioria dos casos. Em uma pequena proporção
de casos, o transtorno pode apresentar uma evolução crônica
durante numerosos anos e levar a uma alteração duradoura
da personalidade (F62.0).
Neurose
traumática
F43.2
Transtornos de adaptação
Estado
de sofrimento e de perturbação emocional subjetivos, que
entravam usualmente o funcionamento e o desempenho sociais. ocorrendo no
curso de um período de adaptação a uma mudança
existencial importante ou a um acontecimento estressante. O fator de “stress”
pode afetar a integridade do ambiente social do sujeito (luto, experiências
de separação) ou seu sistema global de suporte social e de
valor social (imigração, estado de refugiado); ou ainda representado
por uma etapa da vida ou por uma crise do desenvolvimento (escolarização,
nascimento de um filho, derrota em atingir um objetivo pessoal importante,
aposentadoria). A predisposição e a vulnerabilidade individuais
desempenham um papel importante na ocorrência e na sintomatologia
de um transtorno de adaptação; admite-se, contudo, que o
transtorno não teria ocorrido na ausência do fator de “stress”
considerado. As manifestações, variáveis, compreendem:
humor depressivo, ansiedade, inquietude (ou uma combinação
dos precedentes), sentimento de incapacidade de enfrentar, fazer projetos
ou a continuar na situação atual, assim como certa alteração
do funcionamento cotidiano. Transtornos de conduta podem estar associados,
em particular nos adolescentes. A característica essencial deste
transtorno pode consistir de uma reação depressiva, ou de
uma outra perturbação das emoções e das condutas,
de curta ou longa duração.
Choque
cultural
Hospitalismo
da criança
Reação
de luto
Exclui:
transtorno
ligado à angústia de separação na infância
(F93.0)
F43.8
Outras reações ao “stress” grave
F43.9
Reação não especificada a um “stress” grave
F44
Transtornos dissociativos [de conversão]
Os
transtornos dissociativos ou de conversão se caracterizam por uma
perda parcial ou completa das funções normais de integração
das lembranças, da consciência, da identidade e das sensações
imediatas, e do controle dos movimentos corporais. Os diferentes tipos
de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após algumas semanas
ou meses, em particular quando sua ocorrência se associou a um acontecimento
traumático. A evolução pode igualmente se fazer para
transtornos mais crônicos, em particular paralisias e anestesias,
quando a ocorrência do transtorno está ligada a problemas
ou dificuldades interpessoais insolúveis. No passado, estes transtornos
eram classificados entre diversos tipos de “histeria de conversão”.
Admite-se que sejam psicogênicos, dado que ocorrem em relação
temporal estreita com eventos traumáticos, problemas insolúveis
e insuportáveis, ou relações interpessoais difíceis.
Os sintomas traduzem freqüentemente a idéia que o sujeito se
faz de uma doença física. O exame médico e os exames
complementares não permitem colocar em evidência um transtorno
físico (em particular neurológico) conhecido. Por outro lado,
dispõe-se de argumentos para pensar que a perda de uma função
é, neste transtorno, a expressão de um conflito ou de uma
necessidade psíquica. Os sintomas podem ocorrer em relação
temporal estreita com um “stress” psicológico e ocorrer freqüentemente
de modo brusco. O transtorno concerne unicamente quer a uma perturbação
das funções físicas que estão normalmente sob
o controle da vontade, quer a uma perda das sensações. Os
transtornos que implicam manifestações dolorosas ou outras
sensações físicas complexas que fazem intervir o sistema
nervoso autônomo, são classificados entre os transtornos somatoformes
(F45.0). Há sempre a possibilidade
de ocorrência numa data ulterior de um transtorno físico ou
psiquiátrico grave.
Inclui:
histeria
histeria
|
î
|
de
conversão
|
reação
|
ì
|
|
psicose
histérica
Exclui:
simulador
[simulação consciente] (Z76.5)
F44.0
Amnésia dissociativa
A
característica essencial é a de uma perda da memória,
que diz respeito geralmente a acontecimentos importantes recentes, não
devida a transtorno mental orgânico, e muito importante para ser
considerado como expressão de esquecimento ou de fadiga. A amnésia
diz respeito habitualmente aos eventos traumáticos, tais como acidentes
ou lutos imprevistos, e é mais freqüente que seja parcial e
seletiva. Uma amnésia completa e generalizada é rara, e diz
respeito habitualmente a uma fuga (F44.1);
neste caso, deve-se fazer um diagnóstico de fuga. Não se
deve fazer este diagnóstico na presença de um transtorno
cerebral orgânico, de uma intoxicação, ou de uma fadiga
extrema.
Exclui:
amnésia:
· pós-convulsiva
dos epilépticos (G40.-)
· retrógrada
(R41.2)
síndrome
amnésica orgânica não-alcoólica (F04)
transtorno
amnésico induzido pelo álcool ou por outra substância
psicoativa (F10-F19 com quarto caractere comum
.6)
F44.1
Fuga dissociativa
Uma
fuga apresenta todas as características de uma amnésia dissociativa:
comporta além disto, um deslocamento motivado maior que o raio de
deslocamento habitual cotidiano. Embora exista uma amnésia para
o período de fuga, o comportamento do sujeito no curso desta última
pode parecer perfeitamente normal para observadores desinformados.
Exclui:
fuga
pós-convulsiva na epilepsia (G40.-)
F44.2
Estupor dissociativo
O
diagnóstico de estupor dissociativo repousa sobre a presença
de uma diminuição importante ou de uma ausência dos
movimentos voluntários e da reatividade normal a estímulos
externos, tais como luz, ruído, tato, sem que os exames clínicos
e os exames complementares mostrem evidências de uma causa física.
Além disto, dispõe-se de argumentos em favor de uma origem
psicogênica do transtorno, na medida que é possível
evidenciar eventos ou problemas estressantes recentes.
Exclui:
estado
catatônico orgânico (F06.1)
estupor:
· SOE
(R40.1)
· catatônico
(F20.2)
· depressivo
(F31-F33)
· maníaco
(F30.2)
F44.3
Estados de transe e de possessão
Transtornos
caracterizados por uma perda transitória da consciência de
sua própria identidade, associada a uma conservação
perfeita da consciência do meio ambiente. Devem aqui ser incluídos
somente os estados de transe involuntários e não desejados,
excluídos aqueles de situações admitidas no contexto
cultural ou religioso do sujeito.
Exclui:
esquizofrenia
(F20.-)
intoxicação
por uma substância psicoativa (F10-F19
com quarto caractere comum .0)
síndrome
pós-traumática (F07.2)
transtorno(s):
· orgânico
da personalidade (F07.0)
· psicóticos
agudos e transitórios (F23.-)
F44.4
Transtornos dissociativos do movimento
As
variedades mais comuns destes transtornos são a perda da capacidade
de mover uma parte ou a totalidade do membro ou dos membros. Pode haver
semelhança estreita com quaisquer variedades de ataxia, apraxia,
acinesia, afonia, disartria, discinesia, convulsões ou paralisia.
Afonia
psicogênica
Disfonia
psicogênica
Torcicolo
histérico
F44.5
Convulsões dissociativas
Os
movimentos observados no curso das convulsões dissociativas podem
se assemelhar de perto àquelas observadas no curso das crises epiléticas;
mas a mordedura de língua, os ferimentos por queda e a incontinência
de urina são raros contudo; além disto, a consciência
está preservada ou substituída por um estado de estupor ou
transe.
F44.6
Anestesia e perda sensorial dissociativas
Os
limites das áreas cutâneas anestesiadas correspondem freqüentemente
às concepções pessoais do paciente, mais do que a
descrições científicas. Pode haver igualmente uma
perda de um tipo de sensibilidade dado, com conservação de
outras sensibilidades, não correspondendo a nenhuma lesão
neurológica conhecida. A perda de sensibilidade pode se acompanhar
de parestesias. As perdas da visão e da audição raramente
são totais nos transtornos dissociativos.
Surdez
psicogênica
F44.7
Transtorno dissociativo misto [de conversão]
Combinação
de transtornos descritos em F44.0-F44.6
F44.8
Outros transtornos dissociativos [de conversão]
Confusão
psicogênica
Estado
crepuscular psicogênico
Personalidade
múltipla
Síndrome
de Ganser
F44.9
Transtorno dissociativo [de conversão] não especificado
F45
Transtornos somatoformes
A
característica essencial diz respeito à presença repetida
de sintomas físicos associados à busca persistente de assistência
médica, apesar que os médicos nada encontram de anormal e
afirmam que os sintomas não têm nenhuma base orgânica.
Se quaisquer transtornos físicos estão presentes, eles não
explicam nem a natureza e a extensão dos sintomas, nem o sofrimento
e as preocupações do sujeito.
Exclui:
arrancar-se
os cabelos (F98.4)
disfunção
sexual não devida a doença ou a transtorno orgânico
(F52.-)
dislalia
(F80.8)
fatores
psicológicos ou comportamentais associados a doenças ou transtornos
classificados em outra parte (F54)
lalação
(F80.0)
roer
unhas (F98.8)
síndrome
de Gilles de la Tourette (F95.2)
sucção
do polegar (F98.8)
tiques
(na infância e na adolescência) (F95.-)
transtornos
dissociativos (F44.-)
tricotilomania
(F63.3)
F45.0
Transtorno de somatização
Transtorno
caracterizado essencialmente pela presença de sintomas físicos,
múltiplos, recorrentes e variáveis no tempo, persistindo
ao menos por dois anos. A maioria dos pacientes teve uma longa e complicada
história de contato tanto com a assistência médica
primária quanto especializada durante as quais muitas investigações
negativas ou cirurgias exploratórias sem resultado podem ter sido
realizadas. Os sintomas podem estar referidos a qualquer parte ou sistema
do corpo. O curso da doença é crônico e flutuante,
e freqüentemente se associa a uma alteração do comportamento
social, interpessoal e familiar. Quando o transtorno tem uma duração
mais breve (menos de dois anos) ou quando ele se caracteriza por sintomas
menos evidentes, deve-se fazer o diagnóstico de transtorno somatoforme
indiferenciado (F45.1).
Transtorno
de Briquet
Transtorno
psicossomático múltiplo
Exclui:
simulador
[simulação consciente] (Z76.5)
F45.1
Transtorno somatoforme indiferenciado
Quando
as queixas somatoformes são múltiplas, variáveis no
tempo e persistentes, mas que não correspondem ao quadro clínico
completo e típico de um transtorno de somatização,
o diagnóstico de transtorno somatoforme indiferenciado deve ser
considerado.
Transtorno
psicossomático indiferenciado
F45.2
Transtorno hipocondríaco
A
característica essencial deste transtorno é uma preocupação
persistente com a presença eventual de um ou de vários transtornos
somáticos graves e progressivos. Os pacientes manifestam queixas
somáticas persistentes ou uma preocupação duradoura
com a sua aparência física. Sensações e sinais
físicos normais ou triviais são freqüentemente interpretados
pelo sujeito como anormais ou perturbadores. A atenção do
sujeito se concentra em geral em um ou dois órgãos ou sistemas.
Existem freqüentemente depressão e ansiedade importantes, e
que podem justificar um diagnóstico suplementar.
Dismorfofobia
(corporal) (não-delirante)
Hipocondria
Neurose
hipocondríaca
Nosofobia
Exclui:
dismorfofobia
delirante (F22.8)
idéias
delirantes persistentes sobre o funcionamento ou a forma do corpo (F22.-)
F45.3
Transtorno neurovegetativo somatoforme
O
paciente atribui seus sintomas a um transtorno somático de um sistema
ou de órgão inervado e controlado, em grande parte ou inteiramente,
pelo sistema neurovegetativo: sistema cardiovascular, gastrointestinal,
respiratório e urogenital. Os sintomas são habitualmente
de dois tipos, sendo que nenhum dos dois indica transtorno somático
do órgão ou do sistema referido. O primeiro tipo consiste
de queixas a respeito de um hiperfuncionamento neurovegetativo, por exemplo
palpitações, transpiração, ondas de calor ou
de frio, tremores, assim como por expressão de medo e perturbação
com a possibilidade de uma doença física. O segundo tipo
consiste de queixas subjetivas inespecíficas e variáveis,
por exemplo dores e sofrimentos, e sensações de queimação,
peso, aperto e inchaço ou distensão, atribuídos pelo
paciente a um órgão ou sistema específico.
Astenia
neurocirculatória
Formas
psicogênicas (de um) (de uma):
· aerofagia
· cólon
irritável
· diarréia
· dispepsia
· disúria
· flatulência
· hiperventilação
· piloroespasmo
· polaciúria
· soluço
· tosse
Neurose:
· cardíaca
· gástrica
Síndrome
de Da Costa
Exclui:
fatores
psicológicos e comportamentais associados a transtornos físicos
classificados em outra parte (F54)
F45.4
Transtorno doloroso somatoforme persistente
A
queixa predominante é uma dor persistente, intensa e angustiante,
dor esta não explicável inteiramente por um processo fisiológico
ou um transtorno físico, e ocorrendo num contexto de conflitos emocionais
e de problemas psicossociais suficientemente importantes para permitir
a conclusão de que os mesmos sejam a causa essencial do transtorno.
O resultado é em geral uma maior atenção em suporte
e assistência quer pessoal, quer médica. Uma dor considerada
como psicogênica mas ocorrendo no curso de um transtorno depressivo
ou de uma esquizofrenia não deve ser aqui classificada.
Cefaléia
psicogênica
(dor de cabeça)
Dor(es):
· psicogênicas
da coluna vertebral
· somatoforme
Psicalgia
Exclui:
cefaléias
tensionais (G44.2) (dor de cabeça)
dor:
· crônica
(R52.2)
· irredutível
(R52.1)
· lombar
SOE (M54.9)
F45.8
Outros transtornos somatoformes
Todos
os outros transtornos das sensações, das funções
e do comportamento, não devidos a um transtorno físico que
não estão sob a influência do sistema neurovegetativo,
que se relacionam a sistemas ou a partes do corpo específicos, e
que ocorrem em relação temporal estreita com eventos ou problemas
estressantes.
Disfagia
psicogênica, incluindo “bolo histérico”
Dismenorréia
psicogênica
Prurido
psicogênico
Ranger
de dentes
Torcicolo
psicogênico
F45.9
Transtorno somatoforme não especificado
Transtorno
psicossomático SOE
F48
Outros transtornos neuróticos
F48.0
Neurastenia
Existem
variações culturais consideráveis para a apresentação
deste transtorno, sendo que dois tipos principais ocorrem, com considerável
superposição. No primeiro tipo, a característica essencial
é a de uma queixa relacionada com a existência de uma maior
fatigabilidade que ocorre após esforços mentais freqüentemente
associada a uma certa diminuição do desempenho profissional
e da capacidade de fazer face às tarefas cotidianas. A fatigabilidade
mental é descrita tipicamente como uma intrusão desagradável
de associações ou de lembranças que distraem, dificuldade
de concentração e pensamento geralmente ineficiente. No segundo
tipo, a ênfase se dá mais em sensações de fraqueza
corporal ou física e um sentimento de esgotamento após esforços
mínimos, acompanhados de um sentimento de dores musculares e incapacidade
para relaxar. Em ambos os tipos há habitualmente vários outras
sensações físicas desagradáveis, tais como
vertigens, cefaléias tensionais e uma impressão de instabilidade
global. São comuns, além disto, inquietudes com relação
a uma degradação da saúde mental e física,
irritabilidade, anedonia, depressão e ansiedade menores e variáveis.
O sono freqüentemente está perturbado nas suas fases inicial
e média mas a hipersonia pode também ser proeminente.
Síndrome
de fadiga
Usar
código adicional, se necessário, para identificar a doença
física antecedente.
Exclui:
astenia
SOE (R53)
estafa
(Z73.0)
mal
estar e fadiga (R53)
psicastenia
(F48.8)
síndrome
da fadiga pós-viral (G93.3)
F48.1
Síndrome de despersonalização-desrealização
Trata-se
de um transtorno raro no qual o paciente se queixa espontaneamente de uma
alteração qualitativa de sua atividade mental, de seu corpo
e de seu ambiente, estes últimos percebidos como irreais, longínquos
ou “robotizados”. Dentre os vários fenômenos que caracterizam
esta síndrome, os pacientes queixam-se mais freqüentemente
de perda das emoções e de uma sensação de estranheza
ou desligamento com relação aos seus pensamentos, seu corpo
ou com o mundo real. A despeito da natureza dramática deste tipo
de experiência, o sujeito se dá conta da ausência de
alterações reais. As faculdades sensoriais são normais
e as capacidades de expressão emocional intactos. Sintomas de despersonalização-desrealização
podem ocorrer no contexto de um transtorno esquizofrênico, depressivo,
fóbico ou obsessivo-compulsivo identificável. Neste caso,
reter-se-á como diagnóstico aquele do transtorno principal.
F48.8
Outros transtornos neuróticos especificados
Neurose
(de):
· profissional
(incluindo cãibra dos escritores)
· psicastênica
Psicastenia
Síncope
psicogênica
Síndrome
de Dhat
F48.9
Transtorno neurótico não especificado
Neurose
SOE
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